Primeiro chamou "mercenários" aos médicos, agora acusou os administradores hospitalares de serem incompetentes e garantiu que "prematuros, no privado, não!" Numa única entrevista, a ministra da Saúde, Ana Jorge, conseguiu a proeza de motivar ressentidos protestos de todos os quadrantes: clínicos, gestores, unidades privadas, estudantes e até universidades de Medicina.
A juntar-se a esta contestação, os enfermeiros anunciaram ontem mais uma greve nacional para 20 de Fevereiro contra o adiamento da negociação das carreiras. Uma convocação que surge um dia depois de os sindicatos médicos terem deixado o aviso de 'um conflito a larga escala' pelo mesmo motivo.
A fazer um ano à frente da pasta, Ana Jorge distribuiu críticas numa entrevista à Lusa que motivou uma onda de polémica só equiparável às do seu antecessor Correia de Campos.
'Um dos grandes problemas da Saúde em Portugal é organizacional. Tem falhado muito o envolvimento das administrações e dos directores de serviço', afirmou, acrescentando que são eles 'os grandes responsáveis pelo funcionamento hospitalar'. A ministra vai mais longe e diz mesmo 'que não chega apenas mudar de nome' para Entidades Públicas Empresariais (EPE) se falta aos gestores criatividade para aproveitar a autonomia dada pela empresarialização. 'Ninguém ganha com esta inoperância.'
As reacções não se fizeram esperar. Pedro Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, reconhece que 'há administrações que têm responsabilidade na forma como os hospitais são geridos', mas lembra que quem as nomeia é o próprio Ministério da Saúde e, por isso, a responsabilidade só pode recair no Governo.
A ministra anunciou, ainda, a intenção de retirar aos privados a possibilidade de fazerem partos de prematuros. A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada já manifestou a sua 'incredulidade e estupefacção'.
PRIVADOS NÃO TÊM FINANCIAMENTO PARA PREMATUROS
'A ministra tem toda a razão.' Luís Graça, presidente do Colégio de Ginecologia da Ordem dos Médicos, diz 'não perceber' a reacção dos privados. 'Não se trata da qualidade de equipamentos nem dos profissionais, trata-se de falta de financiamento', porque os seguros não cobrem a estadia de prematuros em Cuidados Intensivos e os pais dificilmente podem pagar mais mil euros cobrados por dia. Resultado: estes bebés (abaixo das 35 semanas) acabam transferidos para as 11 unidades que integram a rede pública de Neonatologia.
PORMENORES
FECHOS PARADOS
O fecho dos SAP de Macedo de Cavaleiros, Aguiar da Beira e Ourique não acontecerá antes do fim do ano.
OPERAÇÕES
O programa para reduzir os tempos de espera em Oftalmologia vai ser alargado à Urologia e Dermatologia.
INFERTILIDADE
Casais inférteis começaram a ser encaminhados para o privado em Março.
"NÃO ME LEMBRO DE BEBÉS TRANSFERIDOS" (José Miguel Boquinhas, Administrador do Hospital dos Lusíadas)
Correio da Manhã – Como vê a intenção da ministra da Saúde de retirar aos privados os partos prematuros? Acha que é por um preconceito ideológico?
Miguel Boquinhas – Não quero comentar. Só posso falar do meu hospital. E garanto que temos todas as condições de qualidade na unidade de Neonatologia.
– Quantos partos prematuros já fizeram?
– As estatísticas dizem que são 10 a 15%. E, desde que abrimos há quatro meses, estamos próximos de 150 partos no total.
– Quantos dos prematuros transferiram para o público?
– Não me recordo de ter havido alguma transferência.
– O facto de os seguros não cobrirem os internamentos mais do que dois a três dias não inviabiliza essa aposta na Neonatologia?
– Acontece o mesmo com todas as outras especialidades... Os plafonds dos seguros também não cobrem Cuidados Intensivos e não se vai proibir esta valência no privado. Somos uma unidade privada, obviamente que alguém tem de pagar. Mas já há seguros que cobrem internamentos. E os pais podem sempre optar por pagar. Agora admito que não é barato. (correio da manhã)
A juntar-se a esta contestação, os enfermeiros anunciaram ontem mais uma greve nacional para 20 de Fevereiro contra o adiamento da negociação das carreiras. Uma convocação que surge um dia depois de os sindicatos médicos terem deixado o aviso de 'um conflito a larga escala' pelo mesmo motivo.
A fazer um ano à frente da pasta, Ana Jorge distribuiu críticas numa entrevista à Lusa que motivou uma onda de polémica só equiparável às do seu antecessor Correia de Campos.
'Um dos grandes problemas da Saúde em Portugal é organizacional. Tem falhado muito o envolvimento das administrações e dos directores de serviço', afirmou, acrescentando que são eles 'os grandes responsáveis pelo funcionamento hospitalar'. A ministra vai mais longe e diz mesmo 'que não chega apenas mudar de nome' para Entidades Públicas Empresariais (EPE) se falta aos gestores criatividade para aproveitar a autonomia dada pela empresarialização. 'Ninguém ganha com esta inoperância.'
As reacções não se fizeram esperar. Pedro Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, reconhece que 'há administrações que têm responsabilidade na forma como os hospitais são geridos', mas lembra que quem as nomeia é o próprio Ministério da Saúde e, por isso, a responsabilidade só pode recair no Governo.
A ministra anunciou, ainda, a intenção de retirar aos privados a possibilidade de fazerem partos de prematuros. A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada já manifestou a sua 'incredulidade e estupefacção'.
PRIVADOS NÃO TÊM FINANCIAMENTO PARA PREMATUROS
'A ministra tem toda a razão.' Luís Graça, presidente do Colégio de Ginecologia da Ordem dos Médicos, diz 'não perceber' a reacção dos privados. 'Não se trata da qualidade de equipamentos nem dos profissionais, trata-se de falta de financiamento', porque os seguros não cobrem a estadia de prematuros em Cuidados Intensivos e os pais dificilmente podem pagar mais mil euros cobrados por dia. Resultado: estes bebés (abaixo das 35 semanas) acabam transferidos para as 11 unidades que integram a rede pública de Neonatologia.
PORMENORES
FECHOS PARADOS
O fecho dos SAP de Macedo de Cavaleiros, Aguiar da Beira e Ourique não acontecerá antes do fim do ano.
OPERAÇÕES
O programa para reduzir os tempos de espera em Oftalmologia vai ser alargado à Urologia e Dermatologia.
INFERTILIDADE
Casais inférteis começaram a ser encaminhados para o privado em Março.
"NÃO ME LEMBRO DE BEBÉS TRANSFERIDOS" (José Miguel Boquinhas, Administrador do Hospital dos Lusíadas)
Correio da Manhã – Como vê a intenção da ministra da Saúde de retirar aos privados os partos prematuros? Acha que é por um preconceito ideológico?
Miguel Boquinhas – Não quero comentar. Só posso falar do meu hospital. E garanto que temos todas as condições de qualidade na unidade de Neonatologia.
– Quantos partos prematuros já fizeram?
– As estatísticas dizem que são 10 a 15%. E, desde que abrimos há quatro meses, estamos próximos de 150 partos no total.
– Quantos dos prematuros transferiram para o público?
– Não me recordo de ter havido alguma transferência.
– O facto de os seguros não cobrirem os internamentos mais do que dois a três dias não inviabiliza essa aposta na Neonatologia?
– Acontece o mesmo com todas as outras especialidades... Os plafonds dos seguros também não cobrem Cuidados Intensivos e não se vai proibir esta valência no privado. Somos uma unidade privada, obviamente que alguém tem de pagar. Mas já há seguros que cobrem internamentos. E os pais podem sempre optar por pagar. Agora admito que não é barato. (correio da manhã)
2 comentários:
Essa senhora, nao pense que isto vai ser tudo atrasado ate as eleiçoes...
aproximam se tempos dificeis..especialmente para ela!!!
ass: ministro da saude
espero que sejam momentos bem dificeis porque isto assim nao pode continuar...
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