terça-feira, 28 de junho de 2011

Hipotermia pode ajudar pacientes com paragem cardíaca

Novas directrizes de ressuscitação propõem uma nova técnica para o atendimento de pacientes que sofreram uma paragem cardíaca. A hipotermia é um procedimento que baixa a temperatura corporal da pessoa com bolsas de gelo ou soro gelado, deixando o corpo entre 32 e 34º C.
A técnica deve ser aplicada em pessoas que recuperaram o pulso após a paragem cardíaca, mas que permaneceram inconscientes. O resfriamento deve ser feito o mais rápido possível para que a diminuição no metabolismo do cérebro seja feita rapidamente. O procedimento aumenta as probabilidades de sobrevivência e diminui a possibilidade de danos cerebrais.

Agnaldo Pispico, director do Centro de Treino em Emergências da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo explica que «quanto menor o consumo de oxigénio, menor será a libertação de radicais livres e inflamações, já que a falta de oxigenação provocada pela paragem cárdio-respiratória provoca uma desorganização metabólica no funcionamento do cérebro, podendo resultar em sofrimento e sequelas irreversíveis».


A hipotermia é o único procedimento cientificamente comprovado de controlo de danos no cérebro após a paragem cardíaca, como que o paciente entre em coma ou sofra sequelas neurológicas causadas pela falta de oxigénio.

Pispico afirma que os hospitais devem estar preparados para a implantação das novas directrizes. «Mais do que nunca, será necessário termos hospitais e equipas preparadas para induzir e manter a hipotermia, camas específicas com equipamentos que avaliem continuamente a quantidade de CO2 e O2, controlo dos electrólitos (sódio e potássio) e serviços de hemodinâmica, para casos de intervenção de emergência cuja a indicação foi ampliada com o objectivo de intervenções mais precoces como angioplastias».

O especialista avisa também que o período após o socorro da vítima exigirá cuidados especiais. «O controlo do estado neurológico deve ser uma preocupação contínua com necessidade de exames complementares para avaliar o dano cerebral após as 24 horas iniciais quando a hipotermia e a sedação são retiradas. Isso ainda não existe na maioria dos hospitais brasileiros, mas as directrizes indicam claramente esse caminho para salvar vidas», conclui.

Hospital de Leiria implementa «Medicheck» na Pediatria

O Hospital de Santo André, em Leiria, vai implementar a partir de terça-feira no serviço de Pediatria um sistema para tornar mais segura a administração de medicamentos a crianças, disse hoje o diretor desta unidade.
“Estamos a lidar com vidas humanas e queremos reduzir ao máximo a possibilidade de erro”, justificou Bilhota Xavier, explicando que se trata de um sistema que vai permitir a execução da regra dos “cinco certos”: administrar o medicamento certo ao doente certo e na dose, via e hora certas.

Segundo o médico, o sistema, extensivo à Unidade de Cuidados Especiais Neonatais e Pediátricos e denominado “Medicheck”, possibilita “a redução em mais de 90 por cento da possibilidade de ocorrer um erro quer na preparação, quer na administração do medicamento”.

O “Medicheck” prevê, aquando do momento da prescrição do medicamento, a emissão de uma etiqueta com um código de barras anexa ao nome da criança que é colocada no medicamento a administrar no momento da sua preparação, explicou Bilhota Xavier à agência Lusa.


Depois, na administração do medicamento, o elemento da enfermagem, através de um “PDA”, valida “o código de barras do medicamento e o código de barras que se encontra na pulseira de identificação da criança”, confirmando se se trata do remédio para o utente em causa e que vai ser administrado na dose, via e hora determinadas.

De acordo com o responsável, todo este processo, incluindo a indicação de quem administrou o medicamento, é transmitida através da rede sem fios para o sistema informático do serviço e para o processo eletrónico de enfermagem, evitando-se a transcrição manual.


“O serviço tem uma política de segurança a vários níveis, mas queremos aumentar esta segurança na área do medicamento, que é um dos erros mais frequentes na medicina, principalmente em cuidados de saúde hospitalares”, assinalou Bilhota Xavier, que não dispõe de números de eventuais erros na administração de medicamentos no serviço que dirige, trabalho que “está a começar a ser feito”.

O diretor da Pediatria, que revelou desconhecer a existência de um sistema como este no país, pelo que o classificou de "pioneiro", adiantou que a unidade de saúde está a desenvolver sessões de formação, destinadas a todos os profissionais, incentivando a comunicação dos erros quando ocorrem.

“A comunicação pode ser anónima, o que interessa ao hospital é a identificação do erro para que não torne a acontecer”, declarou, sublinhando que “participar um erro é contribuir para a melhoria substancial dos cuidados de saúde, evitando que se perpetue”.


A implementação do “Medicheck” custou 46 mil euros e foi financiada pelo projeto “Missão Sorriso” dos hipermercados Continente.

domingo, 12 de junho de 2011

Portugal tem reserva de sangue para eventual catástrofe

O Instituto Português de Sangue (IPS) dispõe de uma reserva estratégica nacional que permite acudir a uma eventual catástrofe, disse o presidente do IPS, que não recebeu qualquer alerta sobre a bactéria E.coli.
«O país tem uma reserva estratégica que garante as necessidades numa eventual situação de catástrofe», disse apenas o presidente do IPS, Álvaro Beleza, quando questionado sobre o apelo das autoridades de saúde alemãs para que a população dê sangue, na sequência do surto da infecção pela bactéria E.coli.

Portugal não tem qualquer problema de falta de sangue, mas vai promover uma campanha no verão porque precisa investir na renovação dos dadores. Actualmente, os stocks de sangue garantem as necessidades durante uma semana a dez dias, mas é preciso «estar sempre em campanhas de sensibilização» para que nada falhe, disse o responsável.

A Alemanha - o país mais afectado pelas infecções com a bactéria E.coli, com 29 vítimas mortais, tem registado centenas de novos casos nos últimos dias. A maioria dos casos surge no Norte do país.


Para precaver o risco de vir a aumentar o número de casos de infecção, as autoridades alemãs fizeram apelos para que os cidadãos façam doações de sangue, já que os médicos receiam o fim das reservas dos bancos de sangue do país.

A necessidade de reservas de sangue surge porque, nos doentes infectados com maior gravidade, os médicos precisam de realizar transfusões de sangue.

O surto foi provocado por uma bactéria que resulta do cruzamento de duas estirpes diferentes da E.coli já conhecidas, misturando características das duas.

A origem do surto infeccioso, que já matou 30 pessoas, continua desconhecida, depois de ter sido inicialmente associada a pepinos espanhóis e, mais tarde, a rebentos de soja, o que foi posteriormente desmentido.