domingo, 21 de dezembro de 2008

INEM pode ficar sem sessenta enfermeiros

Cerca de sessenta enfermeiros que trabalham a regime de prestação de serviços (a recibo verde) podem vir a ser dispensados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). A administração da instituição nega que tenha deliberado essa decisão, mas não responde quanto à intenção de poder vir a decidir essa dispensa num futuro breve.
Ao que o CM apurou junto de algumas fontes, o INEM terá "a intenção de propor a cessação das prestações de serviço dos enfermeiros que não estão no quadro e que trabalham nos quatro Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU)", que existem em Lisboa, Porto, Coimbra e Algarve.
O universo de enfermeiros a recibo verde, que poderão vir a ser abrangidos, ronda os cerca de sessenta profissionais.
Estes enfermeiros a recibo verde não atendem as chamadas de socorro da população, através da linha de emergência nacional, 112. Atendem, isso sim, as chamadas de emergência dos meios no terreno, ou seja, são estes enfermeiros com formação em suporte avançado de vida que "atendem as chamadas dos técnicos das ambulâncias de emergência (INEM) e dos bombeiros, que fazem o acompanhamento clínico à distância e decidem qual o tratamento a fazer ao sinistrado ou ao doente".
Os restantes enfermeiros que se encontram nos quadros do INEM e que rondam os cerca de vinte profissionais, deverão ver reduzidas as suas remunerações mensais, com o corte nas horas extras, medida também aplicada a outros funcionários.
PARAMÉDICO NÃO SUBSTITUI
A justificação que o INEM, liderado desde Março por Abílio Gomes, dá ao CM para negar que tenha tomado a decisão de dispensar enfermeiros a recibo verde, não se pronunciando sobre planeamentos futuros, aponta para o duplo emprego. "O conselho directivo não deliberou acabar com a prestação de serviços dos enfermeiros. Os que prestam serviços no INEM fazem-no porque têm dupla actividade profissional, trabalham em hospitais e aqui, mas não fazem parte dos nossos quadros." A profissionalização dos técnicos de ambulância de emergência, anunciada este mês pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, que cria a figura do paramédico, "não substitui a profissão do enfermeiro nem a do médico, mas visa dotar os técnicos de maior e melhor formação e relação com a carreira profissional".
MUDANÇAS NOS LUGARES DE DECISÃO
Depois das saídas polémicas de alguns dirigentes do INEM, que motivaram o pedido de esclarecimento no Parlamento pelos deputados do CDS-PP e do Bloco de Esquerda ao presidente da instituição, Abílio Gomes, foi agora aberto concurso para o preenchimento de lugares de direcção de vários departamentos. Depois da saída da directora do Departamento Administrativo e Financeiro, ao não ver renovada a comissão de serviço após mais de dez anos de serviço, seguiu-se a saída dos responsáveis do Departamento de Recursos Humanos, do Gabinete de Comunicação e Imagem e, esta semana, da directora do Departamento de Emergência Médica. O gabinete jurídico continua sem dirigente, após a saída da sua responsável, em Agosto.
APONTAMENTOS
GESTÃO EFICAZ
A redução das horas extras aos profissionais é entendida como "um princípio de gestão eficaz".
SEM ENQUADRAMENTO
O CM apurou que os enfermeiros que trabalham nos CODU não têm enquadramento legal. As suas funções não estão previstas no Regulamento Interno.
MAIS MEIOS DE SOCORRO
O INEM reforçou os meios com a entrega de 47 das 110 ambulâncias de emergência a serem dadas a bombeiros até Março.

Sem comentários: