sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Hospital Lusíadas diz-se qualificado para partos prematuros


O director clínico do Hospital dos Lusíadas garantiu hoje que os médicos daquela unidade privada estão «qualificados» para realizar partos permaturos, depois de a ministra da Saúde ter defendido que só os hospitais públicos devem realizar estes partos.
Em entrevista à agência Lusa, a Ministra da Saúde, Ana Jorge, defendeu a realização de partos de bebés prematuros apenas nos hospitais públicos, argumentando que os níveis de segurança só se alcançam em instituições com 70 a 80 partos de recém-nascidos pré-termo por ano e «uma unidade privada nunca vai ter» esses números.
Contactado pela Lusa, o director clínico do Hospital dos Lusíadas, José Miguel Boquinhas, explicou que «a equipa de obstetrícia [do hospital que dirige] está altamente qualificada porque os médicos trabalharam toda a carreira no Serviço Nacional de Saúde ou ainda trabalham».
«Posso garantir toda a segurança e confiança na nossa equipa», defendeu o administrador.
O presidente do colégio de obstetrícia da Ordem dos Médicos, Luís Graça, alertara hoje para os riscos de partos prematuros realizados em hospitais que não garantem o tempo necessário de internamento dos bebés.

«Os hospitais privados trabalham em 99 por cento dos casos com seguradoras que têm plafons reduzidos e, salvo em seguros de valor excepcional, o que está previsto é o internamento de dois ou três dias da paciente e do bebé».
No entanto, uma criança que nasça prematura vai «forçosamente» exceder os três dias, alertou o obstetra.
Confrontado com esta questão, o director clínico do Hospital dos Lusíadas admitiu trabalhar com seguradoras cujos plafonds permitem internamentos de apenas três dias para a maioria das mães e bebés.
José Miguel Boquinhas disse que «é decisão da família se paga [os restantes dias de internamento]. Se não pagar, temos de transferir o bebé prematuro para outro hospital».
No entanto, o director clínico defendeu que a questão dos plafonds «não tem nada a ver com a qualidade da equipa, são coisas diferentes».

A Lusa contactou ainda o Hospital da Luz, que não quis reagir às declarações da ministra, e o grupo CUF, que remeteu para mais tarde uma reacção.

1 comentário:

Anónimo disse...

Considero que não é a questão da qualidade dos profissionais que está em debate, pois tal como afirmas as equipas de obstetricia e pediatria que trabalham no sector público, também trabalham no sector privado, logo considero que os conhecimentos e competências desenvolvidas por estes, não diferem de um sector para o outro. Assim, considero que a problemática associada a esta temática, está relacionada com a equidade no acesso aos cuidados de saúde prestados ao recém-nascido (RN)pré-termo,pois o internamento deste, no sector privado,comporta encargos finaceiros que os pais não conseguem suportar. Para além de todo o distress emocional a que os pais são sujeitos, torna-se cruel terem de gerir a componente finaceira da situação que estão a vivenciar. Daí considero importante os partos pré-termo serem realizados no sector público, de forma a minimizar a vulnerabilidade dos pais.