terça-feira, 6 de janeiro de 2009

S. João: Médicos ameaçam processar administrador por dizer que "faltam" muito

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos está «indignado» com as alegadas afirmações do presidente do Hospital de São João, no Porto, que terá insinuado que os médicos faltavam muito e ameaça «tomar as medidas necessárias», não descartando a possibilidade de processar o administrador.
Em comunicado, este conselho regional afirma que «foi com indignação e estupefacção» que tomou conhecimento de uma entrevista do presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João, na qual António Ferreira «faz algumas afirmações relativamente à assiduidade e produtividade dos médicos, que são inaceitáveis, na medida em que o bom nome de todos os médicos do Hospital de São João está a ser posto em causa».
«Esta atitude é incompatível com a recente divulgação, pelo próprio, dos excelentes resultados obtidos pelos médicos do Hospital de São João no contexto da Península Ibérica, tendo-os, inclusivamente, felicitado no fim do ano de 2008, pelos resultados obtidos», prossegue o comunicado.
O presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos especificou que «é falso» que os médicos sejam os profissionais que mais faltam. «Dá ideia que os médicos não produzem e não são assíduos, o que não corresponde à verdade», disse José Moreira da Silva. Perante «a gravidade da situação», este Conselho Regional irá tomar «as medidas necessárias para a defesa da dignidade dos médicos», como processar o administrador do hospital pelas afirmações proferidas, afirmou.
Segunda-feira, o presidente do Conselho de Administração do Hospital de São João anunciou que esta unidade de saúde vai adoptar este ano uma política de incentivos aos profissionais, monitorizando a sua produção e respectiva qualidade através de sistemas informáticos. António Ferreira explicou que a monitorização em tempo real acontecerá através de sistemas informáticos, que substituem o «papel» até agora utilizado, mas sem recurso a quaisquer câmaras de vigilância. Por outro lado, essas informações serão divulgadas nos locais apenas acessíveis aos profissionais, assegurou.
Actualmente, o hospital atribui subsídio de assiduidade a trabalhadores que estejam ao abrigo da lei geral. Para implementar uma «política de reconhecimento, que inclui incentivos», o hospital tem de «estar seguro de que [essa política] é absolutamente transparente, de forma a que cada profissional saiba como vai receber o incentivo», defendeu.
O controlo das entradas e saídas não é suficiente para avaliar a produção e a sua qualidade, acrescentou o responsável, argumentando que a política de avaliação tem de ser «bem clara e sustentada por números». Esses incentivos podem passar por dinheiro e apoios à formação e investigação, explicou.

Sem comentários: