sexta-feira, 17 de julho de 2009

Metade das gravidezes inesperadas acontece com contracepção


Cerca de metade das gravidezes inesperadas acontece em mulheres que usam contracepção, segundo estudos internacionais citados pela ginecologista Fátima Palma, que hoje explica as vantagens de métodos de longa duração.
A médica fala no debate «Os Contraceptivos e Eu», que ocorre no âmbito de uma campanha sobre contracepção realizada pela Associação de Planeamento para a Família (APF).
No âmbito da mesma campanha estão planeadas sessões de esclarecimento nas sedes regionais da APF e distribuição de preservativos femininos nos festivais de Verão, bem como anúncios sobre os dispositivos intra-uterinos (DIU e SIU) nas caixas multibancos.
À Lusa, Fátima Palma sublinhou que os estudos da Organização Mundial de Saúde revelam "uma percentagem importante das falhas dos métodos contraceptivos".
Num estudo da APF de 2006 referia-se que uma em cada cinco portuguesas que abortavam utilizavam métodos anticoncepcionais, lembrou Duarte Vilar, Director Executivo da APF.
A médica da Maternidade Alfredo da Costa (Lisboa) referiu que muitas mulheres desconhecem outras opções de contracepção além da pílula e lembrou que há mitos sobre os métodos de longa duração, como "serem menos eficazes e só poderem ser colocados em mulheres que tiveram filhos".
Para a mesma fonte, a vantagem de métodos como os dispositivos de cobre aumenta a eficácia do planeamento, aproximando-se dos "valores ideais", já que são independentes da toma e consequentemente dos esquecimentos. Também não terem estrogénos ou hormonas é uma vantagem para mulheres que tenham contra-indicações.
A eficácia da pílula "no papel" é de 99 por cento, mas na realidade o risco, em geral, ao longo do ano de as mulheres engravidarem é de oito por cento, acrescentou ainda.
Duarte Vilar referiu ainda a "percentagem significativa de mulheres com esquecimentos frequentes, que se esquece de tomar a pílula pelo menos uma vez por ciclo" e adiantou que ainda há desconhecimento sobre interacções medicamentosas, como os antibióticos que retiram o efeito da pílula.
Duarte Vilar e outra médica da Maternidade Alfredo da Costa, Maria José Alves, lembraram também que "deslocações ou acidentes" com dispositivos intra-uterinos deram origem a gravidezes não planeadas ou indesejadas.
Apesar de menos frequente, a laqueação de trompas também não é totalmente eficaz e Maria José Alves descreveu um caso de uma gravidez depois de o homem ter sido sujeito a uma vasectomia, por o casal desconhecer que o efeito não era imediato.
Sobre os preservativos femininos, que a APF começa oficialmente a distribuir sábado nos Festivais de Verão, Fátima Palma refere que o elevado preço foi um dos factores da fraca aceitação deste método.
A médica sublinhou que com este método a mulher passa a ter disponível mais uma forma de prevenir as infecções transmitidas sexualmente. Lusa

1 comentário:

Anónimo disse...

Torna-se fundamental apostar nas eficientes consultas de planeamento familiar e não resumir o funcionamento destas à entrega de métodos contraceptivos. O enfermeiro não deve resumir a sua intervenção a esta atitude passiva, mas sim assumir um papel-chave, activo na educação para a saúde a nível do aconselhamento pré-concepcional, facilitando o acesso às consultas e promovendo o esclarecimento das mulheres/casais sobre a sua existência e importância. Trabalhem um turno num serviço de urgência obstétrica/ginecológica e terão consciência desta problemática e como é fulcral intervir ao nível da prevenção primária. Partilham da mesma opinião?