domingo, 20 de setembro de 2009

Bonecos ensinam novos enfermeiros


O choro do ‘sr. João’ alerta a enfermeira, que se aproxima da sua cama, levanta a cabeceira e pergunta-lhe: "O que se passa?" Ele queixa--se de uma dor no peito que se prolonga pelo ombro esquerdo. A enfermeira sabe que é um sinal típico de um enfarte, mas mantém a calma e coloca-lhe uma máscara de oxigénio, aguardando que os sintomas evoluam.
O ‘sr. João’ tem reacções fisiológicas como qualquer pessoa, mas não passa de um boneco: é um simulador utilizado pelos enfermeiros para treinarem as suas competências, antes de completarem a licenciatura e ingressarem no mercado de trabalho.
O Centro de Simulação de Práticas Clínicas (CSPC) da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra está a funcionar desde Março, no Pólo A, e já deu formação a 500 estudantes. "Aqui, os nossos alunos assumem uma postura como se estivessem na enfermaria de um hospital, onde por vezes são chamados a tomar decisões rápidas, que podem fazer a diferença entre a vida e a morte do doente", explica o professor José Carlos Martins, um dos responsáveis pelo CSPC.
Equipado com as mais modernas tecnologias – desde os sofisticados bonecos simuladores ao equipamento – o CSPC recria "ambientes específicos" de unidades de cuidados intensivos e intermédios e de um hospital de dia. Dispõe ainda de espaços para treino de técnicas de comunicação e de actuação em emergência, suporte básico e avançado de vida.
"Temos quatro enfermarias com mobiliário igual ou melhor do que o dos hospitais, além de todo o equipamento habitual nestes espaços, para que os nossos alunos possam não só treinar os procedimentos mas sobretudo as competências para a tomada de decisões", salienta José Carlos Martins.
E nem falta o carrinho com os medicamentos, ou detalhes como os chinelos, o armário para os ‘doentes’ guardarem a roupa e cortinas a separar as camas. "A privacidade é fundamental, não é por a pessoa estar no hospital que o corpo passa a ser do domínio público", frisa o professor.
Cada uma das salas do CSPC dispõe de soluções tecnológicas para aceder ao ficheiro do ‘doente’ ou para pesquisar qualquer documento. Todos os procedimentos são filmados, para que possam ser avaliados no final de cada aula. CM

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