quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Parkinson: nova terapia genética com resultados encorajadores


Testes preliminares de uma nova terapia genética para a doença de Parkinson deram resultados "encorajadores" nos primeiros pacientes, com melhoria da motricidade e da qualidade de vida até um ano depois do tratamento.
Estas melhoras foram obtidas por uma equipa do Centro de Investigação Molecular de Fontenay-aux-Roses, em França, e constam num estudo publicado hoje na revista norte-americana Science Translational Medicine.
Nos macacos a terapia genética - a primeira baseada num vírus equino directamente inoculado no cérebro - permitiu "80% de recuperação, com resultados estáveis até 44 meses depois da injecção do tratamento", afirma Béchir Jarraya, neurocirurgião do Hospital Henri Mobdor, na região de Paris, onde está a decorrer um ensaio clínico em humanos.

Os cientistas simularam a doença de Parkinson em macacos através da administração de uma neurotoxina que lhes provocou os tremores, a rigidez e a postura instável que lhe são característicos. A seguir injectaram-lhes um vírus de cavalo sem perigo para o homem, o vírus da anemia infecciosa equina (VAIE), pertencente à família dos lentivírus, que "esvaziaram e encheram" com três genes essenciais (TH, AADC e CH1) ao fabrico da dopamina pelo cérebro.
É a perda de dopamina que provoca o descontrolo dos movimentos do corpo. O tratamento normal consiste na administração de medicamentos que aumentam o nível da substância no cérebro, mas não ao ponto de assegurarem um funcionamento normal.
A primeira fase do ensaio envolveu seis pacientes, os primeiros dos quais foram tratados há já um ano; e a segunda abrangerá 12. "Um ensaio com um número alargado de pacientes (fase 3) não será feito antes de 2013", segundo Stéphane Palfi.

Os resultados nos primeiros pacientes - "uma resolução das discinesias" (movimentos ou posturas anormais) obtida "sem efeitos secundários (inflamação cerebral, por exemplo) - são "extremamente encorajadores", sublinha Palfi.
O tratamento (proSavin) é produzido pela sociedade britânica Oxford biomédica, promotora do ensaio humano.
Parkinson, a doença neurodegenerativa mais frequente depois de Alzheimer, afecta cerca de 20.000 pessoas em Portugal e 6,5 milhões no mundo, crescendo proporcionalmente ao aumento da esperança de vida da população. Lusa

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