terça-feira, 25 de maio de 2010

Ministra: «Vai ser preciso gerir melhor os recursos da saúde»


A ministra da Saúde afirmou hoje que vai ser preciso "gerir melhor" os recursos do sector, dado o contexto de crise, mas que os serviços de Saúde "são para manter" e estão "garantidos".
"A Saúde tem de gerir muito bem aquilo que faz, temos de garantir os cuidados de saúde, que são essenciais", afirmou Ana Jorge aos jornalistas quando confrontada com os alertas de sindicatos, associações e profissionais do sector que temem que as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo para os serviços públicos ponham em causa o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"Com aquilo que temos vindo a fazer vamos conseguir garantir os cuidados de saúde", disse a ministra, acrescentando: "Vamos gerir melhor e vamos ter o envolvimento dos profissionais e também das pessoas".
Ana Jorge falava em Lisboa, à margem de uma conferência sobre obesidade.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses considerou hoje que a serem aplicadas ao sector "de forma cega e indiscriminada" as medidas de austeridade decididas pelo Governo haverá uma rutura nos serviços.
"Mais de 2500 enfermeiros contratados podem ser despedidos", afirmou o SEP num comunicado.

"O anúncio do congelamento das admissões na Administração Pública implicará o despedimento de mais de 2500 enfermeiros que hoje exercem funções permanentes nas mais diversas instituições do sector público administrativo, nomeadamente nos Cuidados de Saúde Primários e cujo contrato cessa a 31 de julho", afirmou a estrutura sindical.
Na quarta feira, também a Ordem dos Enfermeiros alertou que as medidas de austeridade não podem criar uma maior desigualdade no acesso aos cuidados de saúde, preconizando a elaboração de um plano de estabilidade e crescimento (PEC) específico para o sector.
Também o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, Constantino Sakellarides, disse na quinta feira que a existência do SNS pode estar em risco caso o Governo corte nos recursos humanos.

“Estamos em tempo de crise, é necessário conter a despesa, mas espero que o Governo seja inteligente nessa matéria para perceber que é possível conter gastos em muitos aspetos, mas não o deve fazer nos recursos humanos da saúde”, disse à agência Lusa Constantino Sakellarides.
“Se o fizer, põe em causa não só a reforma [dos Cuidados de Saúde Primários], como a própria existência do Serviço Nacional da Saúde”, advertiu o também coordenador do Grupo Consultivo para a Reforma dos Cuidados de Saúde Primários.
Já na segunda feira o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) tinha manifestado preocupação com o impacto das medidas de contenção no SNS, alertando que há profissionais a trabalhar no limite, colocando em risco a sua "sanidade mental e física".

O SIM lembrava ainda os "milhares" de profissionais de saúde, sobretudo de enfermagem e administrativos, com contrato a termo certo prestes a terminar e que contribuem para o "normal funcionamento" de hospitais e centros de saúde. Lusa

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