terça-feira, 31 de março de 2009

Enfermeiros-chefes contestam ministra


Os enfermeiros com competências de gestão contestam a proposta do Ministério da Saúde de revisão da carreira, considerando que a ministra Ana Jorge está a hipotecar a qualidade do serviço prestado aos utentes.
Em causa está a alteração prevista pelo Ministério da Saúde: em vez das actuais cinco categorias, propõe apenas duas – enfermeiro e enfermeiro principal – englobando nesta última os enfermeiros-chefes e parte dos supervisores. "Actualmente, para ser enfermeiro-chefe é preciso ser enfermeiro especialista numa das seis áreas previstas pela Ordem. Depois é necessário participar num concurso público, com discussão curricular. Para ser supervisor é preciso repetir estes dois passos", explica Nelson Guerra, porta-voz da comissão instaladora da Associação Portuguesa de Enfermeiros Gestores.
O responsável sublinha que "todos os actuais enfermeiros que exercem na área da gestão [chefes e supervisores] preenchem estes requisitos". A contestação aumenta de tom, pois a ministra Ana Jorge pretende incluir na categoria de enfermeiro principal apenas alguns destes profissionais. "A categoria de enfermeiro-chefe é composta por sete escalões e a dos os supervisores por seis. O que o Ministério pretende é incluir apenas os enfermeiros dos últimos dois escalões de cada categoria."
O responsável da nova associação de enfermeiros questiona a decisão de Ana Jorge em eliminar o concurso público, "passando o exercício da gestão a ser destinado apenas aos enfermeiros principais nomeados pelas administrações".
A Associação Portuguesa de Enfermeiros Gestores, em fase final de registo, acusa, por isso, o Ministério de ter iniciado uma campanha de desvalorização da carreira de enfermeiro. "A proposta é uma afronta para os enfermeiros", considera Nelson Guerra.
A nova associação de enfermeiros tem como objectivo promover junto da sociedade "o real papel de quem passa 24 horas por dia nos serviços hospitalares e centros de saúde".
SINDICATOS À ESPERA DO MINISTÉRIO
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) aguarda pela resposta do Ministério da Saúde à proposta apresentada na última ronda negocial. Segundo Guadalupe Simões, dirigente do SEP, a discussão da revisão da carreira está em stand-by, uma vez que "já era suposto ter existido uma resposta por parte do ministério". "Até ao momento, não nos chegou qualquer informação. Contamos com ela amanhã [hoje], para podermos reunir com o ministério até quinta--feira", precisamente o dia em que se inicia uma greve da classe.
"O ministério demonstrou abertura para discutir a categoria profissional dos enfermeiros de gestão, agora aguardamos que concretize essa disponibilidade", acrescentou. Fonte do Ministério da Saúde garantiu ao CM que a resposta será enviada ainda esta semana.
REVISÃO ESTATUTÁRIA NA GAVETA
Maria Augusta de Sousa, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, critica a demora na aprovação do projecto do decreto-lei que prevê a revisão estatutária da Ordem. "O trabalho com o Ministério da Saúde ficou concluído em Novembro, encontrando-se desde essa altura no Conselho de Ministros para ser aprovado. Este atraso é incompreensível", afirmou ao CM, explicando a urgência deste procedimento: "A revisão estatutária vai atribuir à Ordem novas ferramentas para regulamentar a certificação de competências e o início da actividade profissional autónoma."
O objectivo passa por definir um período de internato para os recém-licenciados em Enfermagem, no qual serão acompanhados por um enfermeiro experiente durante um ano. "Sem essa revisão, não podemos regulamentar estas situações."

1 comentário:

Anónimo disse...

Aos alunos e aos desempregados:
Lembrem-se, ESTA CARREIRA TAMBÉM É VOSSA. Esta carreira vai existir, no minimo, durante a próxima decada.
Já que não podem fazer greve, PARTICIPEM NAS CONCENTRAÇÕES, nos dias 2 e 3 de Abril.
Não tenham ilusões é também aqui que se joga O VOSSO FUTURO...