quinta-feira, 9 de abril de 2009

Poupança nas mãos dos médicos


Os medicamentos genéricos permitem ao utente poupar, em muitos casos, metade do valor de um remédio de marca. Uma poupança agora só possível mediante decisão do médico, após o cancelamento da campanha de substituição de medicamentos de marca por genéricos mais baratos anunciado ontem pela Associação Nacional de Farmácias.
Numa incursão por algumas farmácias no Centro de Lisboa, o CM constatou que, entre os medicamentos mais vendidos, é possível poupar-se até 12,60 euros. É o caso do antidepressivo Digassim que custa 30,31 euros, enquanto o genérico se fica pelos 17,71.
A campanha de substituição permitiu, segundo João Cordeiro, presidente da ANF, poupar cerca de 200 mil euros desde o dia 1 de Abril. "Em meia dúzia de dias, os doentes pouparam 112 mil euros e o Serviço Nacional de Saúde poupou 93 mil. A ministra prefere comparticipar medicamentos de marca mais caros e rejeita comparticipar genéricos mais baratos. Concluo que não há crise no Ministério da Saúde", afirmou ontem João Cordeiro, revelando que "os recibos passados pelas farmácias vão passar a conter a informação do preço do genérico mais barato e a diferença para o medicamento de marca".
Além disso, João Cordeiro anunciou o lançamento de uma petição para que o Ministério permita ao doente escolher entre medicamentos mais baratos, garantindo ainda que irá processar o Ministério da Saúde se as receitas médicas forem devolvidas sem qualquer pagamento.
Em resposta, Ana Jorge mostrou-se intransigente quanto ao assunto: "As receitas com irregularidades serão devolvidas." A ministra da Saúde, porém, revelou abertura para proceder a alterações à lei no que diz respeito à prescrição de medicamentos. "A lei já tem algum tempo e muitas vezes a sua aplicação cria dificuldades. Poderá ser revista", afirmou Ana Jorge, reiterando o apelo aos médicos feito a meio de Março: "Tenho apelado a todos os médicos para discutirem com o doente os custos do tratamento, mas a escolha deve ser feita pelo médico."
SUBSTITUIR REMÉDIOS É PERIGOSO
Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, considera que a substituição de medicamentos de marca por genéricos é um perigo para a saúde dos doentes. "Há genéricos muito potentes e com duplicação das doses colocam o doente em risco", afirmou, defendendo que "não vale a pena correr esse risco só para que um determinado grupo de comerciantes ganhe mais dinheiro".
O bastonário sublinhou o papel do médico, dizendo que este "deve estar disponível para defender a melhor solução para o doente que passa também pelo ponto de vista económico". Para Pedro Nunes, os médicos são a única entidade não interessada economicamente na questão do medicamento. Já o presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Família, Luís Pisco, é da opinião de que tem de ser o doente a pedir o genérico ao médico de família. Correio da Manhã


Comparação entre Medicamentos:


Ben U Ron 1,83 euros; Paracetamol 1,00 euros; Diferença 0,83 euros


Voltaren 9,31 euros ; Diclofenac 4,10 euros; Diferença 5,21 euros


Losec (28 comp) 39,53 euros; Omeprazol (56 comp) 39,53 euros; Diferença 28 comp


Clavamox DT 15,69 euros; Amoxicilina+Àc. Clavu. 8,75 euros; Diferença 6,94 euros


Xanax (0,5mg) 7,43 euros; Alprazolan 3,72 euros; Diferença 3,71 euros


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