quinta-feira, 11 de junho de 2009

INEM quer pagar metade aos Enfermeiros


Algumas dezenas de enfermeiros que trabalham nos quatro Centros de Orientação dos Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) não aceitam a proposta apresentada, no final de Maio, pela direcção da instituição para continuarem a exercer as mesmas funções mas recebendo quase metade do valor que lhes é pago por hora.
A maioria dos profissionais diz não concordar com a proposta e admite sair se não for feita uma contraproposta. A instituição alega ao CM que ainda não foi feita nenhuma proposta.
Ao que o CM apurou junto de algumas fontes, a intenção do INEM afecta dezenas de enfermeiros de acompanhamento e a maioria admite sair.
Estes enfermeiros de acompanhamento não pertencem aos quadros, sendo pagos como prestadores de serviços (recibo verde), e asseguram turnos de 24 horas.
Os enfermeiros de acompanhamento têm formação em suporte avançado de vida e de Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER).
Compete a estes profissionais atender os meios de socorro que estão no terreno e validar os protocolos de actuação, ou seja, perante dúvidas dos tripulantes das ambulâncias no socorro, são estes enfermeiros que dão as indicações clínicas e terapêuticas para administrar à vítima ou ao doente. Não atendem o público através da linha de emergência nacional, 112.
"A direcção do INEM propôs--nos colectar numa empresa de trabalho e receberíamos quase metade do valor que nos pagam agora. Claro que não aceitamos", dizem as fontes.
Acusam a direcção de "má gestão" ao querer colocar nos lugares vagos os enfermeiros das ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV), "com menos formação na emergência pré-hospitalar e a receber em horas extras". "Querem reduzir despesa mas vão pagar muito mais", consideram.
PÔR COBRO ÀS HORAS EXTRAS QUE SÃO ILEGAIS
A direcção do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tomou a decisão, em Fevereiro, de reduzir os custos com o pessoal, determinando a redução do pagamento das horas extras. No documento a que o CM teve acesso, a direcção assume, inclusive, ter conhecimento de procedimentos "incorrectos, quando não ilegais", assumindo ser necessário pôr-lhes termo. Referia--se ao pagamento de horas extras aos delegados regionais que, por lei, enquanto dirigentes e/ou responsáveis pelas delegações regionais, não têm direito a auferir qualquer remuneração por horas extraordinárias. O INEM reconheceu que a maior "escalada de horas extras era a que se verificava no grupo profissional dos médicos". A direcção admitiu esse pagamento apenas em casos de acréscimo de trabalho e a não justificação de admissões.
FALHAS NO CODU JÁ FORAM TODAS ULTRAPASSADAS
O Centro de Orientação de Doentes Urgentes de Lisboa e Vale do Tejo foi alvo de acusações de falhas no atendimento, que motivou a realização de uma auditoria e a ida do presidente da instituição, Abílio Gomes, ao Parlamento. Entretanto, o Ministério da Saúde garantiu ao CM que os problemas foram ultrapassados. A solução passou, segundo a tutela, por aumentar os recursos humanos, melhorar as condições de trabalho e a implementação de um sistema de auditoria. Em Janeiro, o CODU atendeu em média 1718 chamadas por dia e foram desligadas na origem, em média, 97 chamadas. CM

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