quinta-feira, 18 de junho de 2009

Espera para cirurgias oncológicas continua a ser «excessiva»


Numa década, obtiveram-se muitos progressos, mas persistem muitas limitações e há «falhas sistémicas» da governação da saúde. Este é, em síntese, o tom que marca o relatório anual do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) que hoje vai ser apresentado em Lisboa, revela a edição desta quinta-feira do jornal Público.
Exemplo paradigmático de uma área em que foi substancial a evolução neste período é o das listas de espera cirúrgicas (a maior parte dos doentes aguardam agora entre 61 e 120 dias por uma operação não urgente, quando em 2007 esperavam 121 a 210 dias), mas, mesmo assim, ainda não foi ultrapassado o «desafio» do cancro - continua a ser «excessivo» o tempo de espera nas cirurgias de doenças neoplásicas malignas, refere o relatório.
«Comparativamente com os 14 dias de espera recomendados pela Canadian Society Surgery of Oncology, os tempos de espera praticados ainda exigem uma considerável melhoria na gestão de todo o processo», conclui.
No ano em que o observatório comemora uma década, os investigadores que o integram quiseram ir além da tradicional reflexão sobre a evolução anual, até para avaliar o peso das críticas que foram produzindo.
Espera para cirurgias oncológicas continua a ser «excessiva»
Sintomaticamente intitulado 10/30 Anos: Razões para Continuar, o relatório Primavera 2009 alinha as questões em três grandes blocos.
«Quisemos questionar-nos a nós próprios e à governação», explica uma das coordenadoras, Ana Escoval.
Apesar do aparente paradoxo que constitui o atraso em algumas cirurgias oncológicas, as listas de espera até são uma das quatro situações seleccionadas para ilustrar a evolução positiva verificada no sistema de saúde ao longo dos últimos dez anos (no final de 2008 havia 174 179 doentes na lista de espera, menos 12 por cento do que em 2007).
Pela positiva merecem destaque a lei do tabaco e a reforma dos cuidados de saúde primários.
Em contraponto, pela negativa surgem as «falhas sistémicas da governação da saúde», como a ausência de um «centro» inteligente de análise e direcção estratégicas e a falta de planeamento estratégico de longo prazo, que se traduz, por exemplo, no «acentuado envelhecimento» da população médica.

Mas uma das áreas mais criticadas é a das parcerias público-privado (PPP): «[Neste processo] prevaleceram (...) processos técnicos de baixa qualidade e uma considerável incerteza em relação ao futuro quanto aos riscos e benefícios destas decisões apressadas», refere o relatório, salientando Ana Escoval que «estamos a hipotecar as gerações vindouras, vale a pena questionar». LUSA

1 comentário:

Anónimo disse...

O diagnóstico de doença oncológica é um momento abrupto na vida pessoal/familiar, que implica um conjunto de alterações biopsicossiais. Estas originam stress individual e familiar. Já não basta esta atribuição de significados à doença e a necessidade de adpatação, como ainda esperar "excessivamente "por uma cirurgia. Torna-se imperativo agir!