segunda-feira, 20 de julho de 2009

Intoxicações: CIAV recebeu mais de 30 mil chamadas em 2008


O Centro de Informação Antivenenos (CIAV) recebeu no ano passado mais de 30 mil chamadas sobre possíveis intoxicações.
Os medicamentos são os principais culpados: as crianças não resistem a prová-los, milhares de mulheres consomem doses excessivas propositadamente e os idosos enganam-se nos tratamentos.
"No ano passado recebemos entre 30 e 32 mil chamadas", diz a coordenadora do CIAV, Fátima Rato, justificando a inexactidão dos números com um problema informático que fez desaparecer os dados de 2008.
A responsável admite um aumento residual do número de chamadas, que em 2007 se situou nas 30 mil, mas garante que isso "não significa um acréscimo de intoxicações e que pode ter apenas a ver com uma maior divulgação do serviço".
A partir das 18:00, os telefones do CIAV, instalado na sede do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em Lisboa, começam a tocar com mais insistência. Em 20 por cento dos casos trata-se apenas de pedidos de informação ou colaboração na área de toxicologia. Todos os outros telefonemas relatam situações de exposição a uma substância.
"Quando as pessoas regressam do trabalho e as crianças deixam a escola e chegam a casa começa o pico das chamadas", explica a médica do INEM. Até às onze da noite, o trabalho não pára: quase metade diz respeito a acidentes com crianças.
Em 2007, os técnicos do CIAV atenderam 10 673 crianças até aos 15 anos. "Os miúdos entre um e quatro anos representam 65 a 70 por cento dos casos relatados com crianças", sublinha.
Mas, ao contrário do que acontece com a maioria das crianças, em que a exposição aos produtos é acidental, "mais de 40 por cento das consultas com adultos são devido a intoxicações voluntárias, fundamentalmente por ingestão de medicamentos".
Em 2007, o centro recebeu 4883 telefonemas relatando intoxicações voluntárias. Fátima Rato explica que a maioria diz respeito a mulheres entre os 20 e os 50 anos. "Muitas vezes são encontradas por familiares ou amigos que ligam para o CIAV".
"As intoxicações dos adultos são potencialmente mais graves. Muitas acontecem por vontade própria, por isso, o contacto com o CIAV é feito mais tardiamente. Isso reflete-se também na gravidade da situação".
Em 2007 registaram-se 521 situações graves com adultos e 83 com crianças. Mas a maioria dos telefonemas - cerca de 13 mil - revelou ser pouco grave.
Fátima Rato explica que no caso dos idosos, a maioria das situações diz respeito a erros terapêuticos: os mais velhos têm mais propensão a enganar-se na dose ou na hora de toma dos medicamentos e os acidentes com crianças também não costumam representar muita gravidade, em parte porque "o contacto com o centro é geralmente feito muito precocemente".
A ligação do CIAV ao INEM permite um fácil acesso através do 112, que é automaticamente accionado em caso de necessidade.
Mas a coordenadora diz que na maioria dos casos as pessoas "nem sequer precisam recorrer a qualquer serviço de saúde para receberem indicações, orientações ou tratamento".
"Existem medidas simples que se podem adoptar em casa e são suficientes", garante, lembrando que ligar para o 808 250 143 é sinónimo de "retirar muitas pessoas dos serviços de urgências e das consultas dos centros de saúde, que estão sempre tão congestionadas". Lusa

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