segunda-feira, 6 de julho de 2009

Tribunais dão razão às farmacêuticas contra os genéricos


Os tribunais administrativos aprovaram 26 das 31 providências cautelares interpostas pelas farmacêuticas com o objectivo de suspender a entrada no mercado de medicamentos genéricos, afirmou à Lusa fonte da Associação Portuguesa da Industria Farmacêutica (Apifarma).
«Em 31 providências cautelares interpostas nos tribunais administrativos - 1ªInstância e Superiores - 26 foram favoráveis às companhias inovadoras», de acordo com os dados recolhidos pela Apifarma.
As providências cautelares interpostas pela indústria farmacêutica tinham como objectivo suspender a autorização de introdução no mercado (AIM) e a definição do Preço de Venda ao Público (PVP) atribuídos pelo Infarmed a vários medicamentos genéricos, cujas patentes das substâncias activas ainda não tinham expirado.
Segundo a mesma fonte, “os tribunais consideraram válidas as pretensões das empresas inovadores e ordenaram a suspensão das AIM’s e a concessão de PVP’s”. A maioria das 31 providências cautelares foi interposta por seis empresas, entre as quais a Novartis.
Fonte oficial da Novartis confirmou à Lusa ter três casos de providências cautelares já deferidos pelo Tribunal Administrativo do Sul, mas revelou ter mais de uma dezena em fase de instrução, todos eles em relação à mesma molécula, cuja patente só expira em 2012, mas para a qual o Infarmed já autorizou a entrada no mercado.
Segundo a fonte da empresa, a interposição de providências cautelares junto dos tribunais administrativos não é a melhor solução, mas é a possível, dada a inexistência de um tribunal especializado em propriedade intelectual e face à morosidade dos processos no Tribunal de Comércio.
O presidente da Associação Portuguesa de Genéricos (APOGEN), Paulo Lilaia, considera que as decisões que têm estado a ser tomadas contra as empresas de genéricos são incorrectas. “Achamos que é uma decisão que não é correcta e que tem de ser decidida pelos tribunais comerciais e não pelos administrativos”, afirmou o responsável à Lusa.
“Trata-se de uma estratégia utilizada pelas empresas de investigação para atrasar indevidamente a entrada dos genéricos no mercado com prejuízo para os cidadãos e para o Estado”, argumentou Paulo Lilaia, que estima que estejam abrangidas por estas providências cautelares entre 10 a 15 substâncias activas, ou seja, cerca de 100 marcas, “algumas das quais com grande peso económico”.
“Estes medicamentos representariam nos últimos 12 meses mais de 100 milhões de euros, o que significa que se perderam potencialmente poupanças entre os 35 e os 40 milhões de euros”, concluiu.
O director-executivo da Apifarma, Rui Ivo, tinha afirmado recentemente à Lusa que as providências cautelares interpostas pelas farmacêuticas eram uma tentativa das empresas protegerem as suas patentes e não de limitar o acesso dos genéricos ao mercado.
As empresas farmacêuticas têm recorrido aos tribunais administrativos para suspender a eficácia das AIM dadas aos genéricos pelo Infarmed, alegando que as mesmas não podem ser atribuídas por ainda existirem patentes em vigor.
“Esta situação não é boa nem para a inovação, nem para os genéricos. Numa situação ideal, havendo disputa de patentes, a solução devia ser uma resolução do conflito num curto espaço de tempo e num tribunal especializado na matéria”, defendeu.
O mercado dos medicamentos genéricos gerou o ano passado em Portugal vendas de 622 milhões de euros registando uma quota de 18,56 por cento num mercado total que vale 3,3 mil milhões de euros, segundo dados do Infarmed. LUSA

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