quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Ex-ministros portugueses «chocados» com SNS norte-americano


A universalidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é enaltecida pelos ex-ministros da Saúde Luís Filipe Pereira (PSD) e Correia de Campos (PS), para quem o sistema norte-americano é «chocante» ao deixar de fora 50 milhões de pessoas.
Na véspera do discurso do Presidente Barack Obama, no Congresso dos EUA, sobre a reforma do sistema de saúde, a Agência Lusa ouviu Luís Filipe Pereira e António Correia de Campos sobre as expectativas de mudança na saúde dos norte-americanos.
Os dois ex-ministros estão de acordo no choque que é um país ter 50 milhões de pessoas sem acesso à saúde e acreditam que, apesar das resistências, a mudança será possível.
Para Luís Filipe Pereira, que foi ministro durante o Governo de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, o combate que se avizinha é «de origem ideológica».
«As forças que se opõem à reforma do Presidente Obama alegam que, pelo facto do sistema ser mais público, será o Estado a decidir quem deve ou não ser tratado, podendo, por exemplo, optar por não assistir um idoso», explicou.
Por outro lado, as seguradoras não pretendem ver reduzido o seu enorme poder, adiantou.

«Está em curso um combate político», sublinhou Luís Filipe Pereira, para quem o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem uma qualidade de serviços reconhecida internacionalmente.
«Apesar dos problemas que existem, nomeadamente no acesso, traduzido nas listas de espera, a qualidade dos nossos serviços é considerada internacionalmente», adiantou.
Para Luís Filipe Pereira, o SNS português não tem razão para acabar, embora este ex-ministro da Saúde considere que o Estado «pode e deve» garantir a qualidade «contratualizando com outras entidades dos sectores privado e social».
Para António Correia de Campos, que sucedeu a Luís Filipe Pereira quando José Sócrates ganhou as eleições, os sistemas de saúde português e norte-americano não têm quaisquer comparações.
«O sistema dos Estados Unidos deixa 40 milhões de pessoas entregues a si próprias», lembrou.
O socialista destaca as virtudes do SNS português e não tem dúvidas que o mesmo jamais poderá acabar.

Contudo, António Correia de Campos reconhece que, quando assumiu a pasta, receou que não fosse possível sustentar o crescimento exponencial da despesa.
«Quando conseguimos controlar o crescimento da despesa, mesmo criando coisas novas, o futuro do SNS ficou assegurado», frisou.
Para António Correia de Campos, apesar das dificuldades que o Presidente Obama atravessa, o sistema de saúde deverá mudar.
O plano Obama inclui medidas como o acesso à assistência de saúde de praticamente todos os norte-americanos, maior concorrência entre as seguradoras e incentivos para aumentar a qualidade da assistência em vez de compensar o número de actos médicos praticados. Lusa

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