segunda-feira, 17 de maio de 2010

Procriação assistida quadruplica nas mulheres acima dos 40


O número de mulheres acima dos 40 anos que recorrem a técnicas de procriação medicamente assistida quadruplicou em Portugal nos últimos anos, mas o país continua muito aquém da média europeia nestes tratamentos, revela um estudo.
Num trabalho que será apresentado nas XXVII Jornadas de Estudos da Reprodução, a decorrer hoje e sábado em Coimbra, Vladimiro Silva revela que, de acordo com os últimos dados disponíveis, de 2007, em Portugal realizaram-se 450 ciclos de tratamento de infertilidade por um milhão de habitantes, o que representa apenas um terço da média europeia.
Comparando esses dados com o último relatório europeu sobre o tema, referente a 2005, Portugal «está apenas acima de três países, que são a Macedónia, a Albânia e Montenegro».
Compilando a informação referente a 11 anos, desde 1997 até 2007, para o Registo Nacional de Dados de Técnicas de Procriação Medicamente Assistida, o estudo conclui que Portugal atinge taxas de sucesso médias de 30 por cento, ao nível de outros países europeus.

Nas mulheres mais novas, com menos de 30 anos, as que mais utilizam estes tratamentos, as taxas de sucesso podem chegar aos 35 por cento, mas naquelas que já ultrapassaram os 40 anos quedam-se pelos 12 por cento.
Vladimiro Silva, que com este estudo prepara a sua tese de doutoramento, refere que entre os anos 2000 e 2007, aumentaram 4,3 vezes as mulheres com mais de 40 anos que recorreram ao tratamento de fecundação in vitro, uma das técnicas de procriação medicamente assistida.
«Mostra que cada vez mais as pessoas estão a adiar a maternidade. Naturalmente que existirão razões sociais e económicas para esta decisão, e quando tentam engravidar frequentemente encontram problemas de infertilidade, e depois acabam por ter de recorrer ao tratamento», afirmou à agência Lusa.
O investigador salienta que atualmente em Portugal um por cento (cerca de um milhar) do total dos nascimentos resultarão de fecundação in vitro.

Diz que na Dinamarca, por exemplo, os nascimentos por técnicas de procriação medicamente assistida correspondem a 7 por cento do total de partos, sendo metade por fecundação in vitro.
«Em Portugal estes tratamentos não contribuem como deviam para o problema da baixa de natalidade. É uma questão de acesso ao tratamento. Tem a ver com opções políticas e de incentivos à maternidade, e com a rede de prestação de cuidados», observou.
Os tratamentos são bastante caros, e em Portugal «apontam-se dois anos ou dois anos e meio de listas de espera, o que nesses países não acontece», referiu, realçando, que nos últimos anos houve um aumento das comparticipações dos medicamentos, o que ajudou muitos casais.
«Estas listas de espera tão grandes são para muitos casais a diferença entre conseguirem ou não ter um filho. Sabemos que a infertilidade aumenta com a idade, e as taxas de sucesso serão maiores quando os tratamentos são feitos em idades mais jovens», salientou.

Na sua opinião, esta situação é como «uma bola de neve».
«Um problema de natalidade, por um lado, e por outro centenas de milhar de casais que desesperam para conseguir ter um filho e não conseguem, nem o país consegue ajudá-los a concretizar esse sonho», referiu. LUSA

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