segunda-feira, 17 de maio de 2010

Direcção da ANF quer desviar milhões, diz delegado



Saúde
Outros artigos desta secção

segunda-feira, 17 de Maio de 2010 10:38
Imprimir Enviar por Email
Direcção da ANF quer desviar milhões, diz delegadoUm delegado à assembleia geral da Associação Nacional de Farmácias (ANF) acusou hoje João Cordeiro, presidente da associação, de querer desviar para uma nova empresa milhões de euros em ativos da associação, aproveitando-se de informação confidencial sobre farmácias associadas.
A questão prende-se com a constituição da Farminveste, empresa que já existe mas na qual a direção da ANF, quer colocar, depois de dois aumentos de capital, todos os ativos imobiliários e empresariais da associação, incluindo a tecnológica Glintt, a participação maioritária na Alliance Healthcare e a participação na José de Mello Saúde.
"Com o aumento de capital, os associados da ANF nunca vão ter o controlo da Farminveste, que vai acabar nas mãos de um sindicato de acionistas controlado por João Cordeiro", disse à Lusa António Carvalho Pinto, que fez parte da lista de João Ferro Baptista, opositor derrotado de João Cordeiro nas últimas eleições à presidência da ANF.
"Em virtude do aumento de capital, a ANF e este sindicato ficarão, no final do segundo aumento de capital, com mais de 50 por cento", acrescentou.

"Mesmo que todos os associados tivessem condições financeiras para ir ao aumento de capital, isto quer dizer vão ter de voltar a pagar pelo que já é deles", disse ainda António Carvalho Pinto, que afirma ainda que 80 milhões de euros do aumento de capital vão servir para liquidar a dívida da ANF que, segundo o delegado, é de 170 milhões de euros no curto prazo.
O primeiro passo da nova estratégia empresarial da ANF - que vai a votos na Assembleia Geral de 29 de maio - prevê um aumento de capital da Farminveste de 10 para 100 milhões de euros. No final desta fase, a ANF mantém 90 por cento da empresa e os sócios e associados os restantes 10 por cento.
A segunda fase do processo prevê a distribuição gratuita de dois milhões de ações (equivalentes a 10 milhões de euros) aos associados da ANF. O terceiro passo inclui um aumento de capital da Farminveste até 180 milhões de euros, através de subscrição particular reservada aos acionistas.

"O valor investido é muito inferior ao valor do património da ANF. Para uma farmácia poder pertencer ao sindicato, terá de gastar 700 mil euros para ficar com o maior número de votos possível", afirmou António Carvalho Pinto.
"Através da rede informática de gestão das farmácias detidas pela Glintt, João Cordeiro tem informação privilegiada, que lhe permite saber a situação financeira de todas as farmácias portuguesas", considerou.
"João Cordeiro sabe que, com a crise, a situação financeira da maioria das farmácias não lhes permite ir ao aumento de capital", acrescentou, referindo que "no final só irão cerca de 100 associados, controlados pela atual direção da ANF".
Comentando as acusações, fonte oficial da ANF disse à Lusa que o reforço da Farminvest representa "uma visão para o futuro de todo um setor" e que tem como objetivo envolver os associados na gestão e estratégia da Farminveste.

"As apresentações detalhadas do projeto abrangeram já mais de mil e seiscentas farmácias, que revelaram enorme interesse, confiança e recetividade. O próprio Dr. Carvalho Pinto participou numa dessas sessões de apresentação e terá, naturalmente, percebido a recetividade dos farmacêuticos presentes", acrescentou a mesma fonte.

Sem comentários: