sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Sindicatos respondem a Correia de Campos




O Sindicato de Enfermeiros Portugueses considerou «um paradoxo» defender que o Estado não deve privilegiar o acesso ao primeiro emprego a enfermeiros, dada a falta de profissionais no sector.
Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), comentava declarações do ex-ministro da Saúde Correia de Campos, que na terça-feira disse que o estado não deve privilegiar o primeiro emprego dos enfermeiros, porque o teria de fazer em relação a outros profissionais do sector.
«Tendo [o ex-ministro] conhecimento que continua a haver uma grande carência de enfermeiros por todo o país», e não contratar novos enfermeiros é «um paradoxo», afirmou a dirigente sindical.
Correia de Campos participou na tertúlia Reacontece, que decorreu terça-feira, no Casino da Figueira da Foz, e, em resposta a uma questão da assistência sobre a política de contratação do Ministério da Saúde em relação aos jovens enfermeiros, lembrou que a exigência do Estado deve ser igual para enfermeiros ou, por exemplo, psicólogos.
«Por que é que eu hei-de ser exigente com o emprego dos enfermeiros e não hei-de ser igualmente exigente com o emprego dos psicólogos? Temos muitos mais psicólogos desempregados do que felizmente temos enfermeiros», argumentou o antigo titular da pasta da Saúde.
Confrontada com estas declarações, Guadalupe Simões afirmou que «o ministério da Saúde reconhece que são necessários mais enfermeiros para a reforma dos cuidados de saúde primários [medida tomada ainda por Correia de Campos] poder avançar, mas avança com os mesmos efectivos em vez de investir em jovens enfermeiros».
«É paradoxal querer avançar numa reforma e não chamar jovens licenciados», defendeu.
A dirigente do SEP lembrou que continua a haver uma «grande carência» de enfermeiros por todo o país e que estão a ser feitas horas extraordinárias para «manter serviços abertos».


Durante o debate de terça-feira, a questão das dificuldades no primeiro emprego de jovens enfermeiros já tinha levado o anterior titular da pasta da Saúde a considerar a possibilidade de «no Norte do país, onde há mais escolas de enfermagem», existir «alguma dificuldade» de colocação de enfermeiros recém-licenciados e períodos de tempo com «excesso de oferta».
«Essas dificuldades não existem no sul do país e portanto as soluções não são tão difíceis como isso, basta que haja alguma mobilidade do norte para o sul», argumentou, notando que Portugal é um país «com muito pouca mobilidade» e que «as pessoas gostam pouco de se deslocar».
O SEP admitiu que existe uma menor oferta de emprego para enfermeiros na zona Norte do país, mas discordou da falta de mobilidade dos portugueses.
«Não é verdade que os enfermeiros não se mobilizam: a maior parte dos colegas neste momento desloca-se para a zona Sul do país na perspectiva de arranjar emprego», defendeu Guadalupe Simões.


Ainda no que diz respeito à mobilidade no sector da enfermagem, Correia de Campos, substituído no cargo há pouco mais de um ano, disse ainda que existem «imensas possibilidades» de emprego noutros países, exemplificando com o caso britânico.
O sindicato reagiu, afirmando que o argumento de Correia de Campos «não faz sentido nenhum».
«Portugal está a desperdiçar recursos, porque aposta na formação de novos enfermeiros e a alternativa que lhes dá é a de irem trabalhar para outros países», explicou.
Os sindicatos dos enfermeiros marcaram uma greve em todo o país para 20 de Fevereiro, em protesto contra os sucessivos adiamentos no processo de negociação da alteração da carreira de enfermagem, manifestando-se também a favor uma maior colocação de enfermeiros pelo país. ( Agencia Lusa)

3 comentários:

Anónimo disse...

se fosse o filho desse senhor estava para ver se nao tinha prioridade...

Anónimo disse...

O sr Correia de Campos parece viver alheado da realidade portuguesa! Senão ele saberia que actualmente temos mtos enfermeiros a trabalhar fora da sua area de naturalidade, bem como da sua área de preferência. Há enfermeiros obrigados a migrar internamente p conseguir trabalho, m isso o sr ex-ministro n sabe. E tb n sabe k a solução dos problemas n é a emigração, aliás sendo a nossa sociedade tendencionalmente idosa, n se deveria trabalhar p se manter a população activa, no activo e em Portugal?!

Anónimo disse...

é isso D mas ele nao sabe muitas outras coisas tais como a insuficiência de enfermeiros para o numero de doentes...